Wednesday, July 19, 2006

Os nomes do tempo...



Há dias e dias, existem boas e más horas, ninguém escapa ao passar do tempo.
Verdade seja dita, tudo é mutável, todas as pessoas se vão tornando diferentes à medida que os anos passam. A nossa personalidade é volúvel, o nosso corpo é um veículo que sofre o desgaste do percurso. Mas mesmo tendo consciência disso, teimamos em rotular e agrupar num mesmo escalão certas coisas passíveis de evoluírem em sentidos diferentes.
Uma delas, e que sempre me intrigou, são os dias da semana. Um ano tem 365 dias mas apenas lhes atribuímos 7 nomes. Ou seja, há dezenas de dias que são considerados iguais. Será que são mesmo? E porquê o uso desta regra?
Talvez seja a necessidade, como seres de inteligência superior, de organização e simplificação das tarefas quotidianas. Cada dia está marcado para uma determinada função e evento. E esta é, sem dúvida, a melhor explicação que encontro para que, a coisas tão diferentes, lhes possamos atribuir o mesmo nome.
Como todos sabemos, o primeiro dia da semana é o domingo, destinado ao descanso e, entre os cristãos, ao culto do Senhor. Mas o que para uns pode ser um dia de descanso e paz, para outros pode ser cinzento e triste. Ou seja, não existe apenas um, existem tantos quantas pessoas por ele passam. E mesmo que o da próxima semana seja um dia para nós completamente diferente, continua a ser apenas o domingo, tal como todos os outros que vão preenchendo o calendário, e que, concerteza, alguma coisa de singular trarão.
O segundo dia da semana, embora na prática seja, hoje em dia, considerado como o primeiro, é a segunda-feira. É normalmente considerado como um dia melancólico, mesmo que brilhe o sol, pois nele se inicia mais uma semana de rotina laboral. Tal como diz o velho ditado, “sábado feira, domingo missa e segunda com preguiça”. Mas, noutra semana, pode ser uma jornada de motivação, que depois de um descanso merecido, lhes dá força, criatividade e empenho para fazerem aquilo em que acreditam. Contudo, todos estes dias têm apenas o simples rótulo de segunda-feira.
O dia que se segue é a terça-feira. Odiado pelos pessimistas, adorado pelos optimistas, indiferente aos restantes. Mas todos eles, pessimistas, optimistas, restantes, vão trocando posições, dependendo do estado de espírito e das situações que a terça-feira lhes traz.
A quarta-feira é um dia peculiar. Costuma-se dizer que “no meio é que está a virtude”. Mas será que o vencedor da lotaria concorda que este é um dia de sorte quando, na semana seguinte, no chamado mesmo dia, perde toda a sua fortuna no jogo?
Quinta-feira, 27 de Maio, luz ao fundo do túnel. A semana de trabalho está na recta final. Os estudantes universitários aproveitam para sair e se divertirem. O trabalhador acaba de receber o seu salário e tem projectos para investir parte dele durante o fim-de-semana. Quinta-feira, 17 de Junho, o dinheiro acabou, exactamente no mesmo dia da semana em que entrou.
O sexto dia da semana é um dia de contradições. É relaxante porque nos apercebemos que estamos a chegar ao final da semana de trabalho. Mas, por outro lado, é pleno de stress e ansiedade porque, como diz o povo, “nunca mais é sábado”. E, para muitos, o melhor deste dia é, sem dúvida, a noite. Enquanto que para o guarda-nocturno a noite significa, apenas, trabalho. Mas continua a ser sexta-feira para todos.
Chegámos ao fim com o sábado. Descanso para uns, trabalho para outros. Sol no Brasil, chuva em Portugal. No fundo, não passa do último dia da semana, tão diferente das outras semanas, ao qual insistimos em dar o mesmo nome.
Esta classificação, prática, por um lado, utópica, por outro, foi a maneira que arranjámos de dar nome ao tempo. Mas o tempo, cada um de nós é que o faz, dependendo da maneira como passamos por ele.
E como diria Jorge Palma: “O tempo não sabe a nada, o tempo não tem razão. O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção. Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós. Meu amor, o tempo somos nós…”

4 Comments:

Blogger mac said...

"O tempo somos nós"; o tempo somos nós que o fazemos, e ser sábado ou 2ªf é tudo uma questão psicológica. Eu digo isto porque eu não tenho fins de semana certos; tenho folgas rotativas. Portanto o meu "fim de semana" calha a qualquer dia. Ao Sábado e Domingo, principalmente, custa-me imenso levantar e ser a única pessoa do prédio a fazê-lo tão cedo; custa-me estar a trabalhar e ver os outros na esplanada. Mas lá está...está instituído que o dia de lazer é o Domingo, e por isso é que me custa, uma vez que eu posso usufruir desse mesmo lazer em qualquer dia da semana.

4:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

pois, mas o que é certo é que um dos testes basicos para detectar a insanidade é saber "às quantas andamos", dia, ano mes.. se falharmos alguma delas sao menos uns pontos no teste global.. e se for abaixo de um certo limiar... é porque não batemos bem da bola..lol
por isso, pelo sim pelo não, convêm andar "dentro do tempo" dos outros..hehehe

9:39 AM  
Anonymous Anonymous said...

lol.. quem será o anonymous q se deu ao trabalho de comentar os posts todos...? lol
Apesar de os comentarios n estarem directamente associados aos posts.. enfim... haja passiência para tantos comments..lol
Mas quem será o iluminado?! é tuga d certeza :)

9:55 AM  
Blogger zekarlos said...

nops martinho, sao mensagens automaticas enviadas por sites.
fuck u anonymous!!!!

10:37 AM  

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