A carreira de Escalhão(Considerações preliminares)
Para localizar no tempo e no espaço os descontextualizados, Escalhão é uma daquelas aldeias perdidas no interior da qual pouco mais conheço senão o pão fresco e saboroso que, em dias certos, fica pendurado à porta da minha moraria e que quase sempre encontro à mesa quando chego de fim-de-semana.
Pois é, estas coisas já não existem...Já não existe a mercearia ao virar da esquina; Já ninguém vende fiado; Não se saúda e trata o "padeiro" pelo nome, quanto mais ouvir aquele ruído quase ensurdecedor do peixeiro que nos tira do sono com os últimos sucessos da musica popular brejeira.
Tudo serve quando se trata de procurar captar a atenção daqueles que pretendem abastecer-se de peixe que vem da lota bem de madrugada e ainda fresco.
Mas €les é que contam… há de tudo. Transbordam os espectáculos culturais, a noite, o consumo...enfim, os locais que fazem disparar para o abismo ou para as nuvens o barómetro económico lá no governo central…Mas falta o sossego.
Este texto podia muito bem confundir-se com um manifesto anti-urbe, mas prefiro defender com unhas e dentes a ideia que se trata simplesmente de um movimento pró-rural... ou pró-rústico (este nome era mais sonante pretendendo-se deste modo convencer a gostar quem desgosta sem um empurrãozinho de marketing.
Estas coisas do tradicional, rústico, caseiro, original, genuíno, "à moda antiga" são modas, passe a redundância, que estão para ficar. Veja-se o caso do Alentejo... Toda a gente fala bem das suas gentes, dos seus pratos… mesmo desconhecendo.
O campo e os costumes das suas gentes são como que um género de espécie em vias de extinção que a qualquer momento está sujeita a sofrer o impacto "ambiental" do dito progresso. Talvez o Alentejo se encontre num “Estado de Graça” mais avançado e portanto mais exposto à contaminação por estas ideias supostamente bem intencionadas dos forasteiros.
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