Monday, October 09, 2006

A carreira de Escalhão(Considerações preliminares)

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Para localizar no tempo e no espaço os descontextualizados, Escalhão é uma daquelas aldeias perdidas no interior da qual pouco mais conheço senão o pão fresco e saboroso que, em dias certos, fica pendurado à porta da minha moraria e que quase sempre encontro à mesa quando chego de fim-de-semana.


Pois é, estas coisas já não existem...Já não existe a mercearia ao virar da esquina; Já ninguém vende fiado; Não se saúda e trata o "padeiro" pelo nome, quanto mais ouvir aquele ruído quase ensurdecedor do peixeiro que nos tira do sono com os últimos sucessos da musica popular brejeira.
Tudo serve quando se trata de procurar captar a atenção daqueles que pretendem abastecer-se de peixe que vem da lota bem de madrugada e ainda fresco.
Pois...e estas coisas já não existem...Pelo menos perante os olhos e mentes letárgicas desta classe de pessoas que habitam os aglomerados populacionais qual formigas ou nano-robots automatizados e reféns das suas próprias rotinas.

Mas €les é que contam… há de tudo. Transbordam os espectáculos culturais, a noite, o consumo...enfim, os locais que fazem disparar para o abismo ou para as nuvens o barómetro económico lá no governo central…Mas falta o sossego.

Este texto podia muito bem confundir-se com um manifesto anti-urbe, mas prefiro defender com unhas e dentes a ideia que se trata simplesmente de um movimento pró-rural... ou pró-rústico (este nome era mais sonante pretendendo-se deste modo convencer a gostar quem desgosta sem um empurrãozinho de marketing.
Estas coisas do tradicional, rústico, caseiro, original, genuíno, "à moda antiga" são modas, passe a redundância, que estão para ficar. Veja-se o caso do Alentejo... Toda a gente fala bem das suas gentes, dos seus pratos… mesmo desconhecendo.

Pois muito bem, existe um pequeno Alentejo em todos os pontos antípodas às grandes cidades e um pouco de interior em cada pedaço do Alentejo... Existem de facto muitas semelhanças.
O campo e os costumes das suas gentes são como que um género de espécie em vias de extinção que a qualquer momento está sujeita a sofrer o impacto "ambiental" do dito progresso. Talvez o Alentejo se encontre num “Estado de Graça” mais avançado e portanto mais exposto à contaminação por estas ideias supostamente bem intencionadas dos forasteiros.
E poderia entrar em pormenores a cada ideia, a cada palavra, memória/vivência que sugira as gentes de um qualquer interior, que logo surgiriam novos pontos de partida para dar novos rumos… e este texto não teria fim à vista.

Mas ENGANEM-SE aqueles que ao recuar no texto julgam que estas coisas só existem nos contos dos nossos avós. Embora com algumas diferenças, muitas destas práticas ainda são comuns no dia a dia. A mercearia agora passou a minimercado, o peixeiro agora lá vai passando as musicas das novelas da TV(In)dependente... Mas aquele que é conhecido por "padeiro" sem amassar o pão, ainda buzina como ninguém e consegue ensacar o pão com a mesma simpatia de sempre. E esta rotina dura desde que me lembro que sou gente, apenas o veículo de transporte é mais moderno e confortável.

E é bom pensar que há coisas que nunca mudam… e constatar que os anos mal passa por estas gentes.

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